A Cor da pele
Doze anos após Darwin atribuir a origem das espécies à
seleção natural em seu livro, ele escreveu um outro de 889 páginas em que
atribuía a origem das raças humanas às nossas preferências sexuais rejeitando,
inteiramente, o papel da seleção natural. Até hoje a teoria de Darwin da
seleção sexual continua controversa. No entanto, os biólogos não conseguem
concordar com a razão pela qual a seleção natural produziu peles escuras nos
trópicos. Alguns acreditam que a seleção natural teve um papel secundário na
nossa origem racial dando preferência à seleção sexual. Devemos entender que a
variação racial não é privilégio dos
humanos. A maioria das espécies, inclusive plantas com distribuição
suficientemente ampla, incluindo todas as
espécies antropoides abarca muito dos mesmos traços que variam
geograficamente nos humanos. Como definir se populações animais visivelmente distintas
em localidades diversas pertencem a espécies diferentes ou se, em vez disso,
são da mesma espécie, mas de raças diferentes?
Examinemos agora se a maior contribuição para nossas
diferenças geográficas partiu da seleção natural ou da seleção sexual. Primeiro
consideremos os argumentos da seleção natural que aumenta as chances de
sobrevivência. Muitos negros africanos tem o gene da Hemoglobina Falsiforme (Nenhum Sueco a
possui) que os protege da temível doença tropical conhecida como malária. Os
índios andinos tem o tórax avantajado que os ajuda na extração de oxigênio do
ar rarefeito das altitudes. A forma compacta dos esquimós os ajudam na
conservação do calor, assim como a forma esguia dos sudaneses facilitam a
perda. Os olhos puxados dos asiáticos são bons para protegê-los do frio e do
clarão do sol refletido na neve.
Estes são exemplos de fácil compreensão. Será que a seleção
natural também explica as diferenças raciais como a cor da pele, a cor dos
olhos, tipo e cor dos cabelos? Se assim for, devemos esperar que o mesmo traço
(por exemplo, os olhos azuis) exista em diferentes partes do mundo com climas
similares e que os cientistas concordem com sua utilidade.
A nossa pele tem um espectro que vai de vários
tons de preto, marrom, cobre, amarelado ao rosado com ou sem sardas. A história
mais comum para explicar esta variação termoluminescente da seleção natural é a
seguinte. As pessoas na África ensolarada tem a pele mais preta. Então,
supostamente, o mesmo sucede com outros lugares ensolarados como o norte da
Índia, Amazônia e Papua Nova Guiné. Diz-se que a pele clareia à medida que se
afasta para o norte e para o sul do Equador até chegar ao norte da Europa, onde
se encontram as peles mais claras de todas. Obviamente, a pele escura se
desenvolveu nas pessoas muito expostas à luz solar. Mas a pele das pessoas
brancas bronzeando-se ao sol de verão. Só que neste caso é uma resposta
reversível ao sol, não uma resposta genética permanente. Os brancos que passam
muito tempo expostos ao sol tendem a desenvolver câncer de pele. Infelizmente
as coisas não são tão simples. Como agentes da seleção natural a insolação tem
impacto mínimo comparado às doenças infecciosas na infância. Uma das teorias
favoritas afirma que os raios
ultravioletas do sol promovem a formação de vitamina D numa camada de pele
abaixo de uma camada externa pigmentada. Assim os povos de áreas tropicais
ensolaradas podem ter desenvolvido a pele escura para se proteger de doenças
renais causadas pela falta de vitamina D, ao passo que os escandinavos que
sofrem com invernos longos e escuros,,
desenvolveram a pele pálida para se protegerem do raquitismo causado pela falta
de vitamina D. Duas teorias populares afirmam
que a pele escura protege os órgãos
internos do excesso de aquecimento causados pelos raios infravermelhos do sol
tropical. Também o oposto, a pele escura
ajuda aos povos dos trópicos a se aquecerem quando a temperatura baixa.
Isto não refuta a ideia de que, de alguma forma causou a evolução da pele
escura nos climas quentes. Afinal, a pele escura apresenta diversas vantagens
que os cientistas virão a descobrir. Em vez disso, a maior objeção a qualquer
teoria baseada na seleção natural é que a associação entre pele escura e climas
ensolarados é muito imperfeita. Há povos nativos com pele muito escura em
algumas áreas que recebem relativamente pouca luz do sol, como a Tasmânia, onde
a cor da pele é de tom médio. Nenhum índio da América tem a pele negra. Quando
levamos em conta a luminosidade, vemos que as partes menos iluminadas do mundo
com uma média diária de 3 1/2hs de sol são o sul da China e a Escandinávia que
são habitadas por povos de pele mais escura, amarela e pálida que há. Nas ilhas
Salomão que tem clima semelhante, os povos de pele escura e os de pele mais
clara estão espalhados a pouca distancia. Evidentemente os raios de sol não
foram o único fator seletivo a influenciar
a cor da pele.
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